É normal sofrer da tentação. Sobretudo quando hoje em dia num centro comercial qualquer existem 10 lojas brilhantes e chamativas, com marketing fortíssimo, pensadas para levar as pessoas a comprar, seja de que forma for, seja o que for.
Apesar de tentar sempre comprar de forma inteligente e nunca comprar aquilo que não preciso, ou penso não vir a precisar, o facto é de que é sempre qualquer coisa que desejamos e nunca encontramos.
Depois acabamos por encontrar uma versão de baixa qualidade, moda rápida, numa loja qualquer e acabamos por ser tentados a fechar a compra, porque de facto “Já falo nisto há algum tempo…”
Vivi uma história relativamente engraçada ontem, que pinta muito bem o que descrevi acima. Tem um final feliz, e com o qual podemos todos aprender.
Falo há algum tempo em comprar um fato com o casaco assertoado. Preferencialmente em azul marinho, ou cinza claro com um padrão “windowpane”. Para os cavalheiros que desconhecem a palavra assertoado (eu também não conhecia, agradeço à minha mãe), trata-se de um casaco que não se apertam ao meio, de forma simétrica, mas sim, que abraçam o corpo. Alguns até se podem apertar do lado que dá mais jeito. Ora vislumbrem a imagem abaixo.
Noutro post posso explorar um pouco a história e o legado deste tipo de casacos, mas por agora vamos à minha história.
No shopping da Guia, no Algarve, tudo o que é lojas da Inditex estiveram fechadas durante quase um mês para renovações. Para mim foi um descanso. Para as mulheres da minha vida foi como se tivéssemos voltado à Idade da Pedra.
Ontem, após saber que já tinham aberto todas, e fazendo um passeio pelo shopping depois do trabalho com a minha companheira, entramos na renovada Zara.
Qual não foi o meu espanto, quando na secção masculina encontro o tal fato com casaco assertoado, que procuro há meses? Fui logo experimentar o casaco, e tive de subir dois números para que assentasse de forma minimamente aceitável. Mas ainda assim, o casaco tinha um problema: era muito curto. Tinha ainda outros pequenos “defeitos” mas ainda assim, se o conseguisse descer pelo menos 1 centímetro já ficaria muito melhor. Para ajudar a festa, o fato completo não passava dos 120€ (isto é razão para desconfiar, assim como são os fatos de qualquer loja de roupa generalista).
Decidi experimentar as calças, porque afinal, nunca copra roupa sem a experimentar, a não ser que estejam a comprar online à vossa medida.
O 42 ficava-me aparentemente perfeito, nem precisava de fazer a bainha, e na minha cabeça, completamente bêbeda por ter encontrado tal objecto nunca antes visto em loja alguma, o fato já era meu, só faltava pagar.
A minha jovem mulher torceu o nariz, e carregou o sobreolho. Pediu-me para dar uma volta nos provadores para me ver a andar.
Rapidamente me apercebi do problema que ela prontamente identificou, na zona das virilhas, tinha um enchumaço tal, que parecia que tinha assaltado um banco e tinha lá escondido um maço de notas.
No final acabei por não levar nada. Podia ter levado só o casaco, mas até esse tinha problemas.
Voltamos ao ponto inicial de compras inteligentes, reparem, eu ia comprar algo barato, sem qualidade, com alguns problemas na sua concepção, apenas porque queria algo deste género. Isto é exactamente o que não fazer. Ainda bem que não o fiz.
Referi isto num post anterior, mas quem compra barato compra duas vezes, é verdade que isto não seria um fato para usar todas as semanas, mas também seria um fato que após 2 lavagens provavelmente estaria pronto para a reforma.
É melhor sempre esperar e comprar algo de grande qualidade, que dure muitos anos e que nos faça sentir bem ao vestir, e que não nos faça sentir aquele sabor amargo a arrependimento.
É verdade que recentemente a moda de “vestir bem” apareceu e está em todo o lado, mas vestir bem não vestir um fato. É possível um homem de fato estar pior que outro de calças de ganga e polo.
Um bom homem entende o que é bom e mau, faz a escolha e a compra inteligente, e revela-se como aquilo que é, um cavalheiro sensato.
Parabéns, um blogue de interesse. Apenas uma duvida: Devemos usar e ostentar produtos de vestuário e acessórios de marca? É o gentleman que faz o fato, ou é o fato que faz o gentleman? Devemos misturar marcas brancas ou populares com outras com pedigree? Agradecia um esclarecimento em relação á socialização das vestes.
Obrigado.
GostarGostar
Olá Jorge, obrigado pela visita e pelo comentário. A ostentação é algo que preferencialmente qualquer cavalheiro deverá evitar, no entanto, a utilização de marcas fica a critério que cada um. Sou apologista de usar aquilo que cada um prefere, o que é necessário ter sempre em mente é que aquilo que é mais importante é se a peça assenta bem no corpo de quem a veste. Qualquer homem com dinheiro compra um fato da Hugo Boss, mas se não dominar o fit, se não dominar a roupa, a sua apresentação será sempre má, e será dominado pela roupa. Um bom homem que compre um fato mais barato que lhe assente perfeitamente ficará sempre melhor, sentir-se-á mais confiante, confortável e feliz, ou seja, aquilo que defendo.
Portanto não há problema em misturar roupa de marca com roupa barata, o que interessa é que se assenta bem. Experimente várias marcas e veja qual lhe assenta melhor, se a melhor for uma marca com menos pedigree, então deverá saber onde procurar a qualidade numa peça, o que poderá aprender aqui (numa camisa).
Obrigado!
GostarGostar
[…] compre inteligentemente e rega as suas compras pelo Custo por Utilização, verá como investir num casaco destes vale a […]
GostarGostar